Produzindo notícia por meio de interação social.

Produzindo notícia por meio de interação social.

Ana Carolina Barroso¹
Ana Carolina Gorgozinho¹
Laiza Teixeira Gomes¹
Maria Regina Alves¹
Stefhany Guide de Melo Veiga¹


Introdução

O presente trabalho irá mostrar qual é a importância da produção de texto no ensino de língua. Ela irá abordar qual a forma mais eficiente para ser trabalhada dentro das salas de aulas, explicitando também a interação social dos alunos com o meio em que vivem e, principalmente, evidenciando quais os principais desafios enfrentados pelo professor.
O gênero textual abordado será a noticia. A partir dele, mostraremos como o professor deve elaborar uma proposta de produção e trabalhá-la no contexto escolar.
Com a produção do paper, poderemos mostrar novas formas de conhecimentos sobre a produção de texto, qual a sua importância para a atuação do professor e, principalmente, quais as condições que devem acompanhar uma proposta para ser trabalhada na sala de aula.





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1- Alunas do 6º período do curso de Pedagogia da faculdade Una de Betim.
carolzinha-icm@hotmail.com / laiza-teixeira2011@hotmail.com / reginaalves.arte@hotmail.com stefhanyguide@live.com / carolinacorgo@hotmail.com

Referencial Teórico

No ensino de língua materna, acredita-se que o professor deve trabalhar a linguagem como forma ou processo de interação a fim de que o indivíduo realize ações e atuações sobre o interlocutor (ouvinte/leitor).
            Para Travaglia (2015, p.110), usar a língua: “Não é tão somente traduzir e exteriorizar um pensamento, ou transmitir informações a outrem, mas sim realizar ações, agir, atuar sobre o interlocutor (ouvinte/leitor).” (TRAVAGLIA, 2015 p.110)
            Partindo do pressuposto da língua como local de interação humana, o aluno irá interagir comunicar produzindo efeitos de sentido para quem ele está produzindo seu texto em um meio social, histórico e ideológico.
            Conforme ressalta Travaglia (2015, p.110):
Os usuários da língua ou interlocutores interagem enquanto sujeitos que ocupam lugares sociais e “falam” e “ouvem” destes lugares de acordo com formações imaginárias (imagens que a sociedade estabeleceu para tais lugares sociais). (TRAVAGLIA, 2015, p.110)


            Dessa forma, percebe-se que a linguagem se constituí pela interação verbal que se realiza através da enunciação. Vale lembrar que a interação é a ação de um sobre o outro, estabelecendo, assim, um diálogo em vasto sentido, caracterizando a linguagem.
            Compreendendo a língua no sentido de interação, o profissional da educação deve trabalhar, em sala de aula, a linguagem na produção e compreensão de textos.
            Travaglia (2015) afirma que:
Ver a língua como forma de interação verbal faz com que tenhamos de trabalhar, em sala de aula, o uso da língua na produção e compreensão de textos, sempre como algo que depende não apenas dos recursos da língua e suas potencialidades significativas, mas também de quem são os interlocutores em sua condição social e postos em um contexto que também afeta os sentidos dos textos.” (TRAVAGLIA, 2015, p.155).
É preciso demonstrar, deixar claro ao aluno sobre: o que tem para dizer na produção de textual? Para quem vai escrever? O que o leitor já sabe do que vai escrever? O que ele ainda não sabe e vai ficar sabendo do texto que vai escrever? Qual maneira de organizar o texto vai ficar melhor? Qual vai ser o estilo de linguagem? Essas são perguntas que norteiam a produção.
O professor pode utilizar essas perguntas nos anos iniciais de alfabetização em um momento em que ele é o escrivão de uma produção de texto feita juntamente com a turma. Essas mesmas perguntas podem ser utilizadas em um momento de leitura.
Dentro dessa concepção da linguagem como forma de interação, é ideal que utilize o trabalho com gêneros textuais como um instrumento para que os sujeitos se apropriem da linguagem.
Como se vê, trabalhar a produção de texto usando a linguagem como processo de interação é atuar sobre o outro no contexto social, refletindo de maneira crítica sobre o meio em que vive. O uso da língua como instrumento de comunicação social não concede ao aluno textos mostrando e manifestando verbalmente suas ideias, conhecimento, objetivos, informações e sentimentos para o enunciatário.
             Segundo orientações dos PCN’s, aprender a Língua Portuguesa é bastante complexo, por isso eles ressaltam o quanto é importante o papel do professor como mediador, durante o processo de aprendizagem da língua, pois cabe a ele mostrar ao aluno a importância no processo de interlocução, principalmente, porque as opiniões do outro apresentam possibilidades de análise e reflexão sobre as suas próprias produções de texto. Assim, o primeiro passo que o educador deve dar é transformar a sala de aula em um espaço onde cada sujeito tenha o direito à palavra reconhecido como legítimo.
            Nesse sentido, aprender/ensinar é visto como o modo em que se articulam três aspectos: o aluno, língua e o ensino. O aluno é o sujeito de ação em aprender. Nos PCN’s, são priorizados como encaminhamento teórico: a diversidade dos textos, a questão da oralidade, a produção escrita, o texto como unidade de ensino, a literatura e a prática de reflexão sobre a língua.
            A orientação dos PCNs é clara no que tange ao ensino da escrita. Devem-se introduzir métodos que privilegiem o aspecto sócio-interacionista na produção de textos. Por isso, aconselham o uso dos gêneros como unidade de ensino os quais remontam ao uso do texto e da língua em seu uso social; “quem diz, a quem e como diz” essas perguntas levam o aluno a se posicionar de forma crítica diante do texto e entender o funcionamento de cada gênero e a função que desempenha no meio social. O docente deve instigar o aluno a criar texto e produzir gêneros textuais.
        Segundo os PCNs, a tipologia textual representa características estruturais de sequências textuais que pode se figurar nos mais diversos gêneros textuais. Os alunos acabam sendo vítimas de um método que restringe sua capacidade intelectual de produzir, pensar, e polemizar os textos devido às propostas que esbarram na unívoca forma de pensar o texto, deixando de gerar os discursos essências a formação consciente de um cidadão crítico capaz de interagir com o texto. (BRASIL)1998, p 124.
        A produção de textos, portanto, tem por finalidade formar alunos capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes. São inúmeras as condições necessárias para uma produção de texto. Para uma boa elaboração de um texto, devemos levar em consideração o enunciado, ou seja, a proposta deve estar bem elaborada, pois, se ela não estiver adequada, implicará naquilo que o aluno irá produzir. As condições de produção devem ser especificadas em:     Enunciador (Quem?); Enunciatário (Para quem?); Gênero textual (O quê?); Suporte (Onde será veiculado?); Propósito (Para quê?) e Tema (Assunto).
       A todo esse processo é que se chama produção de texto e é todo esse processo, em sua integralidade, que deveria acontecer quando se redigir na escola.
         Para que o aluno possa aprender a redigir seu próprio texto, é necessário que o professor mostre a diversidade de textos escritos, para que ele possa observar a utilização da escrita em diferentes circunstâncias, oferecer aos educandos textos por escritos impressos de boa qualidade, pois através da leitura eles podem ter referências para seus próprios textos. Os professores também podem trabalhar a produção de textos coletivamente, em duplas ou trios, pois, desse modo, favorece o desenvolvimento das habilidades de cada um na construção de seus próprios textos.

Sugestão de Prática

            Levando em consideração a língua como forma de interação social, com enunciador, enunciatário e um contexto social, apresentaremos aqui uma proposta de produção de texto:

Nossa escola está realizando uma campanha de arrecadação para abrigos da cidade e, durante toda a semana, conseguimos alimentos, produtos de higiene pessoal, roupas e até fizemos a gincana na qual nossa turma venceu. A partir de tudo que vivenciou e aconteceu, produza uma notícia, que será publicada no jornal “O tempo de Betim.” Não se esqueça da estrutura da notícia que deve conter título e corpo do texto (O que? Por quê? Como? Onde? Quando?). Será publicada a notícia selecionada pela equipe de redação do jornal.
Figura 1: Proposta de produção de texto.
Fonte: Elaborada pelas autoras deste paper.


Para elaborar essa proposta de atividade, foi levado em consideração um gênero discursivo (notícia) o qual já foi trabalhado em sala de aula, inclusive como se estrutura. O comando possui enunciador (aluno), enunciatário (leitores do jornal O Tempo) e o propósito que é trabalhar o gênero textual notícia, a partir de fontes de pesquisa para a elaboração, como a campanha e a gincana de arrecadação para abrigos da cidade de que os alunos estavam participando.
Ao trabalhar a produção nessa perspectiva, a leitura é uma habilidade  importante e fundamental que pode ser desenvolvida pela criança. A partir da leitura de mundo, o aluno pode compreender a realidade que está inserida. Outra habilidade trabalhada na proposta é a de produzir textos de diferentes gêneros, produzindo uma notícia o aluno vai investigar o fato ocorrido, buscar informações, interpretar e refletir e desenvolver no papel,também vai utilizar a interação verbal entre o locutor e interlocutor,assumindo-se como locutor objetivando escrever algo a um interlocutor.Desenvolverá as habilidades de revisar o texto,verbalizar e avaliar.

Considerações Finais
            A partir do presente artigo, conclui-se que a forma de interação social é uma ótima maneira de trabalhar em sala de aula a produção textual, levando em conta o Parâmetro Curricular Nacional de língua portuguesa. A proposta de produção de um noticiário, apresentada neste trabalho, leva em conta as condições de escrita, segue uma concepção de língua e objetiva formar o educando em sujeito capaz de produzir textos coerentes, coesos e eficazes, orientando, por fim, os professores para atuarem na perspectiva de produzir textos no contexto social.

Referencias Bibliográficas

FUZA, Ângela Francine; OHUSCHI, Márcia Cristina Greco; MENEGASSI, Ronilson José. Concepções de linguagem e o ensino da leitura materna. 2011
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Ensino da gramática numa perspectiva textual interativa. 2015
FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS, FAE. Glossário Ceale :Termos de alfabetização,leitura e escrita para educadores. Primeira edição. Belo Horizonte: FAE-Faculdade De Educação da UFMG, 2014.
 VAL, Maria da Graça Costa. O que é produção de texto na escola. 1998.




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